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Vale o esforço ficar lendo livros só porque são tendências?
Uma reflexão após ficar quase quinze dias lendo um livro que me irritou do começo ao fim

Imagem da capa: Cory Doctorow via Flickr/CC BY-SA 2.0 DEED
Foi o que me perguntei quando comecei a leitura de “Três”, de Valerie Perri. Embora meu objetivo fosse claro, como alguns de vocês podem ter visto no meu perfil do Instagram ou do TikTok, a questão ficou rondando a minha mente.
O TikTok sem dúvidas é uma ferramenta bem importante na disseminação da literatura e sempre abre portas para tendências. Por um lado, isso é ótimo, porque faz com que livros como “Enquanto Eu Não Te Encontro” e “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” encontrem leitores que podem gostar dele, assim como tantos outros. Inclusive, o TikTok virou essencial nas estratégias de marketing não apenas de grandes empresas, mas das editoras também, ainda mais quando falamos de literatura jovem e literatura comercial.
Por outro lado, essa popularização da ferramenta tem o seu lado negativo.
Hoje, as marcas já entenderam que tudo aquilo que vemos pessoas que admirando consumindo, nós também vamos querer. É o mal da minha geração e da geração que veio depois. Não resistimos ao desejo de fazer parte de algo. A internet ampliou essa vontade e fez a nosso FOMO (fear og missing out, ou medo de ficar de fora) tomar proporções absurdas.
Logo, quando vemos ume influenciadore querida dizendo que leu e AMOU aquele livro, pouco ou nada investigamos antes de comprar e começar a leitura do livro, tendo apenas como guia uma única opinião sobre aquela história na internet. Sinopse? Resenhas longas? Críticas? Matérias de jornal e portais on-line? Nada disso parece mais importar após descobrir o título daquela obra.
Assim, os bestsellers nascem e as tendências ganham vida.
Não estou querendo culpar criadores de conteúdo por fazerem o trabalho deles e compartilharem suas paixões. O gosto pessoal de cada um é algo deles e não deve ser julgado a partir de um único vídeo. O que estou dizendo é que às vezes ler uma sinopse pode poupar sua vida de comprar um livro que talvez você deteste.
Inclusive, essas tendências são tão perigosas e inibem tanto o pensamento crítico que em um dos meus vídeos criticando “Três” alguém comentou “Nada a ver, esse livro é perfeito”. Argumentei que livros perfeitos não existem e que devemos ler as histórias — menso quando estamos lendo para nos distrairmos — com um pingo de criticidade e a resposta foi algo como “meu querido, sou jornalista, sei do que falo”. Para mim isso atesta o efeito negativo do TikTok, a anti-intelectualidade de que tanto se falou em 2024.
Não sei se isso tem solução a curto prazo. Não sei como as gerações mais novas vão se relacionar com a literatura. Mas torço para que o consumo de mais de um conteúdo de uma obra que desperta a curiosidade do leitor volte a ser um hábito. Que a curiosidade tome conta quando o desejo de consumir falar mais alto.
Que investiguemos. Porque se não fosse pela pulga atrás da minha orelha, eu jamais teria lido do que “Três” se tratava e nunca teria entendido porque ele se tornou o livro mais vendido na categoria “Romance Transgênero”.
E na mínima possibilidade encontrar meu eu mais novo…
E por falar em tendências das redes sociais, fiquei meio fascinado por esse trend em que as pessoas descrevem como seria encontrar versões mais novas de si.
Eu sempre tive medo de mudanças, vou ser bem honesto quanto a isso. Ser tirado de uma zona de conforto em apavorava, porque na primeira grande mudança da minha vida — a de escola — foi quando eu descobri o quanto ser eu mesmo no mundo era perigoso. Assim, nunca me interessei muito por mudar e nem imaginava muitas coisas no meu futuro, preferia as partes mais abstratas da minha imaginação. Mudar significava reviver um ciclo de sofrimento.
Quanto mais eu lia as conversas das pessoas com elas mesmas, mas eu pensava nisso. Como consequência, descobri que eu queria, sim, ter mudado. Queria ter alguma novidade bombástica para contar que daria algum tipo de esperança pra meus eus antigos, uma motivação.
Isso não quer dizer que hoje tudo é igua. Eu fiz coisas das quais o Nino mais novo se orgulharia, coisas que deixariam os olhos dele brilhando. Tudo tem seu lado bom e seu lado ruim.
Por isso, se eu puder deixar uma recomendação é: faça a sua versão. Parece boba, mas você pode entender muito sobre você, seu momento e o que você quer para o futuro.
Aliás, comecei uma versão minha, para postar nas redes sociais, mas ela foi ficando tão longa que achei que seria mais interessante ficcionalizá-la e contar uma história curta a partir disso (em breve você vai poder ler).
Sobre a escrita
Embora esse tenha sido o maior texto que escrevi em algumas semanas, fico contente em dizer que ela está voltando para o meu corpo (música dramática) aos poucos.
Veja bem: a escrita de um TCC é capaz de parar a nossa criatividade por demandar muita pesquisa técnica para dar embasamento as nossas ideias. Isso + passar um período desempregado (me libertei desse status) foram me deixando meio travado criativamente, mas passou!
Nas últimas semanas, tenho planejado e planejado e planejado e logo logo, com todas as decisões-base tomadas, as histórias que disse que começaria a escrever e reescrever vão ganhar vida.
Os arcos narrativos individuais de Eric e Bento estão cada vez mais encorpados. As famílias deles vão passar por coisas chatas e possíveis reformulações, mas será pelo bem maior de uma história maior.
A vida da minha futura protagonista que vocês já conheceram em um livro de 2024 também está definida, ela só está precisando de mais um novo desafio…
Por fim, nosso chá com livros e chuva vai passar por uma reescrita para ganhar uma versão melhor, repleta de drama e tensões do passado. Lembrando sempre que essa história não faz parte do Ninoverso e o universo do qual ela faz parte irá surpreender vocês. Essa história já tem até previsão para JULHO! Mais detalhes serão revelados próximos a essa data, espero que de maneira que surpreenda vocês.
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