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O incrível ato de repetir
A magia em rever, reler, revisitar e ouvir outra vez
Sempre digo que o Twitter é uma plataforma de discussões, no mínimo, curiosas — pra não dizer sem sentido ou estúpidas, porque algo sempre acaba saindo delas.
Nas últimas semanas, uma discussão, que me faz tornar essa newsletter mais uma vez sobre literatura, me chamou a atenção. Ela consistia no questionamento de duas pessoas diferentes dizendo que não viam utilidade alguma em reler livros, tendo como principal argumento a perda de tempo em ler algo que você já conhecia.
Devo admitir que eu não sou uma pessoa que pratica a releitura, o reassistir ou revisitar com frequência, exceto nos casos em que amo muito uma obra — vide eu assistir os mesmos musicais ao vivo ano após ano quando eles anunciam uma nova temporada ou o fato de eu ter relido O Cavalo e Seu Menino mais vezes do que qualquer outro livro na minha estante. Mas a discussão iniciada na antiga rede do passarinho me fez perceber o quanto eu amo ver/ler/escutar/visitar as coisas mais de uma vez sim.
Quando a gente se permite fazer esses atos uma segunda, terceira, quarta, quinta, milionésima vez, não estamos apenas entrando em contato com algo conhecido, mas sim com algo que pensamos conhecer inteiramente. E isso é mentira, nunca conhecemos nada por inteiro, nem mesmo a nós.
É possível que cada momento revivido desperte novas sensações, expanda suas percepções e te faça olhar e escutar os aspectos de uma música, um filme, uma peça, um livro ou um lugar por uma perspectiva diferente. Explorar pedacinhos que você nem tinha reparado antes. Isso pode acontecer tanto nas repetidas vezes que se escutas uma canção no menor período ou quando você vasculha as páginas de uma obra que leu quando criança com a sua mente mais velha — talvez eu não recomende muito isso porque você pode descobrir que não gostava tanto assim daquilo, mas talvez valha a pena.
Um ótimo exemplo de como realizar uma atividade outra vez realmente te traz novas percepções é a minha relação com um dos meus filmes favoritos: Questão de Tempo.
Caso você não conheça, esse é um filme sobre um rapaz britânico que descobre que os homens da sua família podem voltar no tempo se ficarem em ambientes totalmente escuros e que tira vantagem disso para moldar a própria vida, mas acaba descobrindo que isso traz muitas consequências, já que ao mudar o passado, o presente não permanece o mesmo.
Da primeira vez que vi o filme, eu era um adolescente prestes a entrar no ensino médio e obcecado por Doctor Who (coisa que eu ainda sou, tá?), dessa forma, encarei o filme como uma história de ficção científica e as consequências da viagem no tempo — uma lição sobre a importância das decisões que tomamos na vida, já que elas não podem ser mudadas.
Da segunda vez, dei muito mais atenção ao romance e o filme funciona maravilhosamente como uma comédia romântica. Uma lição sobre como o amor é construído todos os dias e não apenas nos momentos que queremos viver num relacionamento. Não dá pra ficar idealizando.
Já da terceira e mais recente, percebi como a história do filme, na verdade, é um grande drama. Vou te poupar de spoilers, mas a verdade é que tem coisas na vida que não podemos impedir que aconteçam nem mesmo com uma viagem no tempo. Isso foi ali em 2022 ou 2023 — e agora eu preciso rever o filme só de pensar o que ele tem pra me ensinar.
A questão é que em todos os momentos em que assisti ao filme, eu era uma pessoa diferente ou estava procurando por uma coisa diferente na história — da última, na verdade, eu não estava procurando nada além de sentir conforto, mas acabei quebrado.
A questão é, reler um livro, rever um filme ou uma peça, ouvir uma música ou visitar um lugar mais de uma vez não é uma perda de tempo. É uma oportunidade de reinventar a sua percepção sobre as coisas que você acredita conhecer, criar um novo ponto de vista e se apaixonar — ou odiar — ainda mais aquilo.
Aliás, nada que você faz por você, pro seu entretenimento ou conhecimento ou pra sanar o seu tédio, resulta em tempo perdido. Não deixe que te digam o contrário. Nem tudo é questão de tempo.
Releia. Reveja. Revisite. Ouça outra vez. Reviva. Foi Aslan mesmo quem disse que nada acontece duas vezes do mesmo jeito.
Sobre a escrita…
Queria ter uma atualização bacana para dar, mas a verdade é que não está fácil. Percebi o quanto trabalhar com a criatividade durante o dia, vai drenando a minha energia e me deixando cada vez mais para trás nos meus projetos pessoais.
A solução? Planilhas, moodboards, ouvir bastante música. Aos porquinhos vou entendendo o tom daquilo que estou trabalhando e deixando retornar às minhas veias, mas torcendo para ser logo, porque eu tenho prazos.
Vou chamar os protagonistas do vem aí de C e T para explicar:
Por algumas questões externas, a dinâmica deles mudou completamente após a conclusão da segunda versão e encontrar essa nova versão deles está sendo um desafio. C sempre foi uma pessoa mais extrovertida, na minha cabeça, e T mais na dele. Mas talvez essa sejam as percepções que quem não os conhece tem e eles são opostos esse sentido e opostos entre si também. Acho que cada semana que passa fica mais claro como eles devem agir na presença um do outro.
Espero trazer notícias mais animadoras no próximo mês.
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