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2024 no papel
O que aprendi com a escrita no ano passado e o que vem aí em 2025

Olá, feliz 2025! (Se ano começa só depois do Carnaval, então está valendo.)
Essa newsletter precisou dar uma pausa por alguns meses para que eu pudesse me recompor depois de várias mudanças na minha vida pessoal: um novo emprego, em uma nova área, com um regime híbrido, e agora o desafio de buscar outra oportunidade. Não entrarei em muitos detalhes, mas saiba que isso acabou gerando mais um atraso.
Acredito que esteja tudo bem, afinal, meu Teledipity avisou que esse seria um ano repleto de desafios que, no fundo, trariam coisas boas. (Tomara que ele esteja certo!)
2024 me presenteou com lições valiosas tanto para a minha vida pessoal quanto para a profissional, mostrando onde quero estar, o que desejo fazer além dos livros e, principalmente, como apenas eu posso transformar minha realidade — algo que, na prática, me surpreendeu positivamente.
O ano passado também me ajudou a entender melhor como, onde e o que quero fazer com a literatura na minha vida.
E onde, como e o que é isso?
Para quem me acompanha nas redes sociais com mais assiduidade, já deve ter notado que de novembro de 2022 para dezembro de 2024 eu lancei um total de SETE livros — um deles sendo um conto em uma antologia —, além de histórias curtinhas retomando o universo uma vez ou outra. E sendo bem sincero, isso é cansativo.
Não me refiro à parte criativa, nem ao trabalho de desenvolver uma obra ou mesmo à divulgação, mas à sensação de que, assim que o processo de um livro se encerra, é preciso se lançar em outro. E a verdade é: ninguém precisa viver assim. Assim, as publicações que eu havia planejado para 2024 foram gradualmente adiadas, abandonadas ou nem sequer iniciadas. Afinal, como eu daria conta de tanta coisa?
Ou seja, já no começo do ano, entendi uma coisa importante: não preciso ter pressa de publicar nada.
A gente acha que precisa surfar na onda das tendências para se dar bem, mas a real é que uma boa história vai se sustentar independente do momento — vide a boa recepção de “Quando a estrela desejar” nas redes sociais. É claro que poder contar com uma trend ajuda muito, mas uma história não brilha menos por “perder o timing”.
A segundo lição aprendida me causou um incômodo por um tempo: nem tudo o que a gente escreve irá brilhar para um leitor de livros digitais.
Pode parecer contraditório com o que acabei de dizer, mas a verdade é que alguns tipos de histórias funcionam melhor de forma tradicional do que nas lojas de eBooks, como a Amazon.
Digo isso porque com a publicação de Morte Cereal entendi que leitores jovens nem sempre estão nas plataformas digitais, já que o livro físico tem um peso importante na vida deles (ba dum tss) e vai além da história: é um produto de conexão.
A terceira lição – e, certamente, houve outras – foi aprender que: o mercado literário não se importa tanto assim com diversidade.
Dói muito despertar para essa realidade, mas a verdade é que nem editores, nem leitores se conectam com a diversidade como faziam há três ou quatro anos. Basta olhar para o que fez sucesso no ano passado e para o que está sendo publicado este ano.
Aprendi isso ao notar que, não importa como eu divulgue, minhas histórias com personagens trans são sempre menos lidas, menos comentadas e menos lembradas. E não falo só por elas, já vi histórias incríveis com protagonismo fora do padrão não recebendo a metade do reconhecimento que outras histórias da mesma qualidade recebem.
Por que estou te contando isso?
Simples. Apesar de ter aprendido isso olhando para o mercado, essas questões se aplicam para além dele. O meio literário é só um reflexo do mundo, porque ele também é afetado pelas engrenagens do capitalismo.
Para fazer qualquer coisa bem, precisamos saber dar o tempo necessário, investir de verdade nos nossos sonhos e não os tratar como um fim a ser atingido para ir para o próximo sonho.
Às vezes é bom olharmos para os nossos objetivos de fora e entender onde eles se encaixam melhor, pra não agir sem uma boa estratégia — sim, isso é sobre objetivos pessoais, não de trabalho!!!
E por fim, uma lembrança de que, independente do momento que o mundo esteja, nós não podemos deixar de contar nossas histórias e nem de lutar pelos nossos direitos e existência, porque no futuro isso vai importar muito.
E sobre os planos literários para 2025
Esse ano o Ninoverso precisará de mais tempo para trazer qualquer história para o mundo. Ou seja, quero que os livros cheguem com a melhor qualidade e marketing possível, assim, suponho que não poderemos esperar tantas coisas longas assim.
O que posso dizer é que vou trabalhar na nova versão de Doces Manhãs, com um aprofundamento maior nas dores dos personagens e das suas famílias, porque olhando por cima, percebi que há muito o que dizer ali, sobre diversas formas de amor.
Há também outras histórias sem plano de publicação tendo os ingredientes comprados, organizados e preparados para novas receitas — não sei o quanto isso é um spoiler, mas quem foge de quadrilha, tem história pra contar.
Ah, também tem aquele conto de outro universo para contar. Muita chuva, chá e gatos. 👀
Para além das histórias longas, quero trazer mais mini-contos do Ninoverso. Uma forma de desenvolver personagens sem muito destaque, visitar velhos amigos e mostrar que todo mundo tem algo acontecendo, mesmo que seja uma simples troca de mensagens. Essas você pode ler por aqui, inclusive. Faz pouco tempo, mas já tô com nostalgia da Superturnê.
Ah, e para não perder nada do que vem aí ou não, e continuar me acompanhando, entre nas minhas redes sociais para acompanhar bastidores mais “instantâneos”. Além disso, tenho um grupo de leitores e seguidores no WhatsApp — me manda uma DM. Quero muito que sejamos uma comunidade esse ano e conto com vocês pra isso.
Ficou curiose? Conta aqui e quem sabe eu não te revelo mais algum segredo. 👀
Até a próxima newsletter — ainda esse mês.