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Amigos, ou quase isso
Imagine um subtítulo sobre amizade
Costumamos achar que a partir do momento que saímos do ensino médio e começar a seguir caminhos diferentes daquelas pessoas com quem convivemos, quase numa escala 6x1, as amizades irão se encerrar automaticamente e só vamos pensar nos nossos amigos da escola quando a nossa galeria ou nosso perfil inutilizado do Facebook apontar aquela lembrança com um “neste dia” bem grandão.
Para a sorte de muitos — eu incluso — não é bem isso que acontece. A internet facilitou, e muito, a manutenção dessas amizades que hoje em dia podem durar por anos após o fim do ensino médio. E, sendo bem sincero, isso é uma mão na roda para não acabarmos isolados em casa pelo resto de nossas vidas ou dependendo do trabalho para fazer novas amizades, ainda mais quando os interesses em comum são preservados e sempre rola um convite bacana para fazer algo que todos gostem.
(Além disso, a internet também possibilitou encontrar pessoas que dividem os mesmos gostos, opiniões, espaços e afins que a gente. Fazer amizades a distância é tão fácil que chega a surpreender, mas a barreira física faz com que essas amizades funcionem de outra forma.)
Nunca fui de festas, então enquanto meus amigos estavam na faculdade, recusei muitos convites, muitos convites mesmo! Mas agora, por algum motivo, esses mesmos amigos decidiram recuperar os rolês perdidos e vez ou outra sugerem ir à um museu ou comer em um lugar diferente para experimentar uma culinária nova e eu passei a não ser tão chato sobre eencontrá-los em barzinhos. Já os xinguei horrores por demorarem tanto pra fazer isso, porque, oras, essas são coisas que sempre amei fazer, mas não me ouviam muito na época — difícil ser a pessoa esquisita do grupo.
Ainda assim, por mais que essas amizades se mantenham, dá vontade de cultivar novas relações, que surgem nos novos cenários que encaramos enquanto protagonistas das nossas próprias histórias, como a universidade ou um emprego novo.
Fiz grandes amigos na faculdade, pessoas que admiro muito, mas que hoje em dia, três anos depois de me formar, basicamente se tornaram apenas rostinhos na tela do meu celular com quem converso sobre o mercado de trabalho vez ou outra. No trabalho, as amizades que fiz se restringiam à isso, porque nunca fiquei tempo o suficiente para encontrá-las em outro lugar que não o escritório — talvez isso seja um pouco minha culpa — e elas, infelizmente, costumam durar apenas enquanto se divide o mesmo ambiente.
E então, vem as amizades que surgem dos ambientes culturais ou de hobbies que contam com espaços físicos, que no meu caso, são as feiras, festas e ambientes literários — inclusive on-line. Você cria vínculos com pessoas incríveis, se aproxima de profissionais que admira e aprende muito também.
Mas ainda assim, mesmo com todas essas possibilidades, algo nessas relações sempre me deixa nervoso. E agora preciso deixar bem claro nessas linhas que isso não é sobre ninguém além de mim e dos meus pensamentos bagunçados.
Você já percebeu como parece que a gente não conhece ninguém de verdade? Como esses vínculos criados nesses espaços só existem nesses espaços? A palavra “amigo” parece perder força de tanto que usamos como um vocativo, como quem diz “ei”, “ou” ou “você”, as conversas não passam do superficial “e seu próximo projeto?”, “tá planejando alguma coisa pras suas redes” e outras tantas coisas que envolvem apenas… trabalho (e talvez a culpa seja minha por querer e poder trabalhar com livros).
Mas isso é apenas um exemplo do que eu quero dizer é que: parece cada vez mais difícil formar conexões reais com as pessoas na vida adulta. Elas parecem ter seus círculos de relacionamentos bem resolvidos, fechados, estreitos, sem espaço para receber pessoas novas.
Existem exceções, é claro. Você já deve ter me visto nos stories fazendo um rolê aleatório ou outro com a minha amiga Englantine. Nós desenvolvemos um tipo de amizade muito especial, muito próximo e, por vezes, íntimo. Sabemos muita coisa um sobre o outro, compartilhamos perrengues e vitórias para além do mercado. E é desse tipo de conexão que estou falando. Do tipo que se abre pra você, te leva a lugares que você ama e te apresenta tudo o que faz daquela pessoa, aquela pessoa.
Mas é feio querer mais do que isso? Querer se conectar mais com as pessoas agora que ser autenticamente quem sou é possível?
Não faz muito tempo que pensei em um desses amigos que fiz nos últimos anos e senti saudade, um caso raro aqui já que eu quase nunca sinto saudades das pessoas ou das coisas das quais não mantenho por tempo o suficiente no meu campo de visão. Quis saber como ele estava, oferecer um abraço, poder encontrá-lo para fazer qualquer coisa. E é verdade, eu poderia gerar uma aproximação, mas uma mente ansiosa é a desculpa perfeita para não fazer nada a respeito e uma análise aprofundada por ela certifica que a intimidade entre nós não é tão grande a ponto de eu poder fazer isso.
E é uma pena que eu me sabote, mas quem me garante que a outra pessoa realmente quer a mesma coisa, não é mesmo?
Espero ter feito sentido até aqui.
Fazer amigos sendo adulto parece superficial a maior parte do tempo. Queria que não fosse. Queria que as amizades funcionassem como na escola, mesmo sem a parte de se ver todos os dias. Não seria lindo?
Sobre a escrita…
O vem aí não está tão longe, confia! Trago atualizações quando puder.
Nesse momento, estou voltando a trabalhar com Ginasta e Bailarino que não deve sair esse ano, mas já está me dando trabalho e me garantindo risos e um pitada de gatilhos…
As baleias estão encaminhadas. Para elas, estou procurando a melhor forma de contar a história que minha imaginação inventou. Então aguardem coisas que eu nunca escrevi antes.
Queria ter mais atualizações para vocês, mas estou um tanto perdido na escrita esse ano. Tentando me recuperar. Prometo que estou dando meu melhor para não decepcionar.
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